We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Opr​ó​brio

by O Sol Que Nos Consome

/
  • Compact Disc (CD) + Digital Album

    A Jewel Case CD with a 12 pages booklet.

    Photography by Eva Barrocas
    Illustration by Francisco Henriques

    Includes unlimited streaming of Opróbrio via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    ships out within 3 days
    Purchasable with gift card

      €10 EUR or more 

     

  • Cassette + Digital Album

    Three panel j-card artwork case comes with the classic black cassette tape with photography by Eva Barrocas and Illustration by Francisco Henriques.

    Includes unlimited streaming of Opróbrio via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    ships out within 5 days
    Purchasable with gift card

      €10 EUR or more 

     

  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    Purchasable with gift card

      €8.99 EUR  or more

     

1.
Desço 06:08
No momento do despejo, abre-se ante mim a escarpa Num processo que remete à destituição da alma. Desço a encosta num acesso que a profundidade acolhe E revolvo no negrume que preside à metamorfose. Toda a imagem tem um erro, peso que nos arrasta. Todo o erro tem um peso, preso à nossa imagem. Queda, Por tudo o que mostras Tens-me fixado à afronta.
2.
Miasma 05:19
Tudo o que a hora traz subtrai-se Vai-se num voo que me deixa tão longe. Na envolvência da miasma Nasce a larva que se empenha Na decomposição da alma Parasitismo que me enferma. Há no ar esta força, turva, Que insiste em colar-se-me às costas. Na envolvência da miasma Nasce a larva que se empenha Na decomposição da alma Parasitismo que me enferma.
3.
Chão 04:21
Chão, Quem vem sujar as mãos Quem vem perder um pé no arrastar do arado Quem vem chegar a casa num invólucro de barro. Chão, Quem vem para o desgosto Quem vem para perceber que tudo nos foge ao controlo Quem vem para descobrir que tudo o que somos é pouco Chão, O êxodo urbano segue um curso perigoso Talvez pela perfeição do cenário que é exposto Na idealização do montado está a logro De quem não está preparado para o esforço. Não é estranho isto que está a acontecer Os nossos avós fugiram do cabo da enxada Do corpo anquilosado, da alma destroçada Pela máquina implacável que é a lavra. É um gosto vê-los quebrar ante o sol Quando antes exaltavam o fervor das suas causas É que as asas afligidas pela falta Tornam logo do seu céu, da utopia incinerada.
4.
Caio num acutilante lance de envenenamento Para que a bicheza prenda o gancho que me fere Arrastaste a fúria só para te certificares Que não restava a dúvida, que teria de vingar-me. Que solidão é essa Que confunde o ataque Com uma tentativa De te relacionares.
5.
Sede 07:29
Na vanguarda do deserto há uma teima que consegue Por complexo, arrastar outras formas de pensar E erode em consciência os veículos de mudança Reprimindo por completo qualquer vestígio de intelecto Que permite a esta estirpe que nos tolhe e conquiste. Esta sede é antiga e já há muito que nos limita. Tanto faz que o sopro nos abale o julgamento Quando a vela que nos leva se alimenta desse medo Tanto faz que a terra chegue ao ponto de não retorno Desde que seja possível adornar o abandono E gritar os nossos feitos numa praça apinhada Onde o seguidismo esmera de uma forma descarada. Tanto faz.
6.
Opróbrio 08:06
Na solidão latente nutre-se a rejeição Opta-se amargamente, forja-se a humilhação É-se reincidente na forma de gorar De infligir ao mesmo, de se arruinar. Se me tornei essa pessoa Que o complexo pode engolir Que incita a própria vergonha A se instalar e a reproduzir. Será que me demorei na furna Na obstrução que me fez descer Será que me demorei na furna E lá deixei parte do meu ser.
7.
Há uma sombra. Já que a nossa esfera se polarizou Pela inapetência que se instalou Sobra-me a descida, trilho onde verti Tudo o que me lembro, tudo o que senti. Na gorja da mente a fetidez persiste Tal a aproximação da besta que reside Na interlocução que a sombra exige Dá-se a integração do outro que assiste. Sou um javardo solto na praça Vindo do fundo do bosque correndo Onde a montaria de dente e espingarda Se aplica a fim de extirpar-me o tempo. E chamam-me a mim pré-moderno, porco, antagónico Tóxica masculinidade num símbolo zoo antropomórfico E essa interpretação da fúria que arrojo da força que propelo Da solidão que eu escolho no corte que obrigo ao vosso ruído. Tende a capar o instinto em prol da passividade Na forma mais distinta da hipersociabilidade É que a assertividade provém de uma certa agressividade Que quando aplicada em controlo contém a nossa singularidade. E achamos que é admirar o derrotismo que nos assola A depressão, a constante vergonha, o cinismo e a culpa. Tudo isto nos foi incutido, tudo isto nos pesa, tudo isto se opõe À aproximação do abismo que nos chama e acorda. Somente no fundo reside a verdade que afronta Uma irreverência que nos permite ser integrados com a sombra.

about

Emerging a solitary figure from Ferreira Do Alentejo, bearing the torch of post-industrial resonance, O Sol Que Nos Consome, a one-man project by João Maia Henriques, delves into the essence of poetic despair with their latest opus, "Opróbrio."
The Portuguese spirit finds its voice amidst poignant melodies with intricate layers of dark, emotive poetry, where melancholy drips from every chord and suffering echoes through the cavernous expanse of sound. Against a backdrop of heavy synthesizers, each note resonates with the weight of centuries-old anguish, while isolated strings guitar carve out a landscape of desolation.
As "Opróbrio" unfolds, it becomes a path into the deepness of the human emotion, a descent into the void of longing and loss. Through the intricate interplay of sound and word, O Sol Que Nos Consome paints a portrait of existential despair that is both captivating and devastating.

credits

released March 27, 2024

Words and sounds - João Maia Henriques

Production - Bruno Xisto and João Maia Henriques
Recordings and Mixing - Bruno Xisto in Black Sheep Studios
Mastering - Pedro H. Barceló
Desing- Eva Barrocas and João Maia Henriques
Assistant Technician - Francisco Henriques
Photography - Eva Barrocas
Ilustration - Francisco Henriques

license

all rights reserved

tags

about

Slowdriver Records Porto, Portugal

Slowdriver is a record label dedicated to celebrating musical diversity, fostering creativity, and giving a voice to the independent artists who shape the ever-evolving musical landscape.

contact / help

Contact Slowdriver Records

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like Opróbrio, you may also like: